quinta-feira, 25 de setembro de 2008

sexta-feira, 28 de novembro de 1969

O Dops concluiu e já remeteu à Justiça Militar o inquerito sobre a morte do capitão norte-americano Charles Rodney Chandler, assassinado em São Paulo em outubro do ano passado. Terminou por imputar a responsabilidade do homicidio aos terroristas Carlos Marighela, Diogenes José Carvalho, Dulce de Souza, João Carlos Kfouri Quartim de Moraes, João Leonardo da Silva Rocha, Ladislaw Bowbor, Manoelina de Barros, Onofre Pinto, Pedro Lobo de Oliveira e Marcos Antonio Braz de Oliveira. Todos participaram da trama. Diogenes e Marcos Antonio executaram materialmente o crime, utilizando-se de um revolver 38 e uma metralhadora 45.

Dops aponta os assassinos de Chandler

O Dops encaminhou ontem à Justiça Militar o inquerito policial sobre a morte do capitão norte-americano Charles Rodney Chandler, no qual estão indiciados Carlos Marighela; Diogenes José Carvalho, vulgo Luís; Dulce de Souza, vulgo Judith; João Carlos Quartim de Moraes, vulgo Manoel; João Leonardo da Silva Rocha, vulgo Saul; Ladislas Bowbor, vulgo Nelson; Manoelina de Barros, vulgo Manon; Onofre Pinto, vulgo Augusto; Pedro Lobo de Oliveira, vulgo Getulio e Marcos Antonio Braz de Oliveira, vulgo Marquito.
O inquérito foi elaborado pelo delegado adjunto de Ordem Politica, Alcides Cintra Bueno Filho, que pediu a decretação da prisão preventiva dos indiciados baseado no artigo 149 do Codigo de Justiça Militar.
O documento ressalta que as armas utilizadas no assassinio do capitão norte-americano estão lacradas num caixote que ficará guardado na Delegacia de Explosivos, Armas e Munições do DOPS à disposição da Auditoria Militar.

O plano e a morte

Consta do inquerito que no mês de setembro do ano passado Onofre Pinto recebeu de Diogenes José Carvalho de Oliveira proposta, que lhe foi enviada por Marcos Antonio Braz de Carvalho, o Marquito, representante de Carlos Marighela em São Paulo, para assassinar Charles Chandler. Procurava justificar a proposta criminosa com varias razões, entre as quais: ser a vitima agente da Central Inteligency Agency - CIA - e representante do imperialismo americano; haver lutado no Vietnã; ter orientado, na Bolivia, os chefes do Exercito boliviano na repressão às guerrilhas, ação que culminou com a morte de "Che" Guevara; ter apoiado a guerra americana no Vietnã e, finalmente, estaria realizando um levantamento no Brasil.
A proposta, depois de debatida sob todos os aspectos, foi aceita e Chandler condenado à morte. A missão foi atribuida a Marquito e a Diogenes, que fuzilaram o capitão.
A execução teve inicio na manhã do dia 12 de outubro de 1968, quando Pedro Lobo preparou o carro Volkswagem que havia furtado dias antes e dirigiu-se à Santo Amaro, onde encontrou Diogenes e depois, na rua Cardeal Arcoverde, encontraram Marquito e seguiram depois para a rua Petropolis, 375, no Sumaré, onde morava a vitima.
"No exato momento em que o carro de Chandler chegou à guia da calçada - diz o inquerito - não pode manobrar, porque Pedro Lobo avançou com seu carro Volks, estacionando junto à parte trazeira do carro de Chandler, bloqueando e consequentemente impedindo qualquer manobra". Diogenes desceu do carro em primeiro lugar e, empunhando um revolver marca Taurus, calibre 38, aproximou-se do capitão e desfechou seis tiros contra ele.
Marquito, que empunhava uma metralhadora Ina, calibre 45, dirigiu-se em direção à vitima e deu uma rajada no corpo de Chandler, enquanto lobo permanecia no Volks, em funcionamento, para qualquer eventualidade. "Durante a execução - conclui a peça - a esposa da vitima, d. Joan Xotaletz Chandler, que estava à porta da casa, viu Diogenes e Marquito atirando contra seu marido e gritou: "Não". Diogenes lhe apontou o revolver e todos fugiram em seguida".

Denunciados Dinotos e mais 14

Por entender que o inquerito policial-militar demonstrou cabalmente a culpabilidade da maioria dos indiciados, o procurador da Justiça Militar ofereceu ontem, na 2ª Auditoria de Guerra, denuncia contra o subversivo Aladino Felix, vulgo Sabado Dinotos, e mais 14 elementos de seu bando, enquadrando-os todos em diversos artigos da Lei de Segurança Nacional, pela pratica de atos terroristas.
Alem de Aladino, foram denunciados àquela Corte Militar o 1º sargento da Força Publica Rubens Jairo dos Santos; o soldado Jesse Candido de Morais: o 3º sargento Claudio Fernando Pereira Lopes; 2º sargento Juarez Nogueira Firmiano; 3º sargento Juracy Alves Tinoco; cabo Edson Vieira; soldados Luis Ataliba da Silva e Sebastião Fernandes Muniz; 1º sargento Esdras de Matos; civis Gregorio Cucheravia, vulgo Ica, Paulo Francisco Alves, vulgo Paulão, Fernando Roberto Dimarzio, Antonio Pereira, vulgo Baixinho e Estefani José Agoston.
O promotor Durval Ayrton Moura de Araujo, depois de fazer circunstanciado relato das ações desenvolvidas pelo bando em São Paulo - tais como atentados a bomba, roubos a bancos, furto de armas - pediu para eles as penas cabiveis, deixando apenas de denunciar os indiciados Norival de Paula, vulgo Corisco, Pierino Gargano, Walter Hermann Heyder e José Caxias David, estes dois ultimos sargentos da FP, por considerar que Norival e Pierino participaram apenas de assalto a banco e já estão sendo processados na Justiça comum, enquanto os dois milicianos, embora foragidos, "nada têm contra si nos acontecimentos". Tambem deixou de oferecer denuncia contra Luís Teixeira Daniel, "cuja conduta nos fatos não chega a tipificar crime contra a segurança nacional".
Finalmente, o promotor requereu a manutenção das prisões preventivas de todos os denunciados, inclusive Estefani José Agoston, o unico deles que se encontra foragido.

Fonte: http://almanaque.folha.uol.com.br/brasil_28nov1969.htm ( tem muito mais)
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Ainda hoje se vêem como vítimas do sistema, e ocupando grandes cargos no governo*, a turma da bandidagem aplica baixa democracia de forma ainda mais implacável, pois só culpa e julga seus dissasbores, e nenhum companheiro é sentenciado justamente, mesmo que seja preso, denunciado ou comprovado.
Observe que em 1969 até militares subversivos eram condenados. Hoje não.
*Só os cumpadres, pois a massa utilizada como manobra, continua como antes, usada.
Entregrupos publica. Tá blogado.

Michel

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